terça-feira, 31 de maio de 2011

Entendendo a vida



Ela brincava no quarto ao escutar novamente todos aqueles gritos.
Olhou pela brecha da porta, sua mãe e o namorado mais uma vez discutiam muito alto.
Estava confusa, não sabia se deveria ir até .
Abriu um pouco a porta, pra tentar ouvir o que se passava.

Ele havia saído, e sua mãe chorava escondida, sentada atrás do sofá da sala.
Aproximou-se e tentou abraçá-la.
Sua mãe gritou enfurecida:
- A culpa é sua, se você não existisse tudo seria mais fácil pra mim.
Talvez ela nem soubesse o que estava falando na hora, mas precisava descontar sua raiva, e a pequena era como uma válvula de escape naquele momento.
Confusa, com o que acabara de ouvir, correu de volta para seu quarto e não chorou, mais uma vez engoliu o choro e naquele momento resolveu ir embora.
Esperou a noite chegar e pegou a grande mala de rodinhas no quarto da sua mãe, colocou todos os seus gibis, alguns do seus ursinhos prediletos, pegou seu pacote de doces no armário da cozinha e estava pronta.
Ir embora não era só seu desejo, queria ir em busca de carinho e afeto que todos os seus amiguinhos recebiam e comentavam na escola.
Bem cedinho, ao raiar do sol, sem ao menos trocar sua roupa de dormir, pegou as chaves em cima da geladeira, abriu a porta devagar e saiu, puxando aquela enorme mala de rodinhas em uma mão e um saco de jujubas na outra, não chorava muito, na verdade ela só queria sair dali.
Depois de alguns minutos de caminhada, chegou em frente ao rio da cidade, sentou ali e ficou observando sua tristeza refletir na água.
Pensou muito, seu pequeno coraçãozinho estava partido.
Ficou desejando ser um peixinho, igual àqueles que pulavam ali, mas estavam sempre em bando um cuidando do outro.
E de repente na briga com seus pensamentos questionou-se:
Mas, e agora? Não estando lá, quem vai cuidar da minha mamãe?
Quem irá defendê-la de seu insuportável namorado?
E quando a noite chegar quem irá me colocar para dormir?
O dia havia passado muito rápido e enquanto a noite se aproximava, puxava sua mala no caminho de volta pra casa, quando ouviu o desesperado grito de sua mãe chamar por seu nome.
Soltou a mala, e correu pra sua mamãe.
Que chorava e pedia perdão pelo que havia dito.
Olhou nos olhos da sua mãe, e naquele momento percebeu que era sim amada, que fazia sim muita falta. Começava ali a entender um pouco da vida.
A sua mãe já sabia, mas o acontido a fez relembrar a grande importância da sua filhinha em sua vida.
Deu lhe um forte e afetuoso abraço, e a partir dali nunca mais se recusou a repetir esse abraço todos os dias.

"Não importa o problema, eu sei que no final um abraço ameniza tudo."

Por: Condessa Suy

4 comentários:

  1. Bem, às vezes mesmos nós jovens ainda tomamos essas decisões sem pensar. Vc mostrou com este lindo conto que nós não devemos tomar essas decisões preciptadas.
    Gostei bastante!

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  2. De volta ao lar, ao aconchego familiar, amor de mãe não tem igual, as vezes tomamos decisões precipitadas, mas que com um pouco de carinho e paciência poderiam ser evitadas e o probema seria resolvido sem chegar a extremos.

    Parabéns pelo ótimo texto.

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  3. muy belo suy vc é uma otima escritora boms contos para vc

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  4. Sem muitas palavras.
    Apenas deslumbrada com a sua capacidade de criar, inovar, ensinar. Sim, ensinar. Pois cada texto seu tem implícito algo bom, que faz bem, que faz refletir ou relembrar algum acontecimento.
    Eu mesma já sai de madrugada com uma fronha debaixo dos braços caminhando sem destino por estar com probemas com a minha mãe.
    O bom é que tudo ficou bem. (Risos)
    Haaaa...nada de 'sem muiitas palavras' como havia dito, ta vendo só...falei até demais.
    Um super 'abraço bem apertado'. E que tudo dê mais certo pra vc do que já está dando.
    Beijos de sua prima que te ama e adimira. (YLA)

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